Quinta-feira, Agosto 09, 2007
7ª e 8ª etapas
Antonio Jorge Balbi Jr. Foto: Andrey Jomakey |
Depois da etapa de Unadilla, voltei pra casa e refleti. Conversei com meu treinador, conversei com alguns pilotos e descobri algo que já suspeitava. Estava com excesso de treinamento ou over training, como eles chamam por aqui.
É a temporada mais longa de toda minha vida. Desde janeiro estou correndo todos os finais de semana. Eu achava que quanto mais eu treinasse, mais estaria preparado. Errei. Não poso me culpar, pois este é o meu primeiro ano de temporada completa. Sou “marinheiro de primeira viagem”.
Horas de viagem dirigindo, noites sem dormir arrumando a moto, noites mal dormidas pensando em como solucionar meus problemas. Imagino que se tivesse uma pessoa experiente ao meu lado as coisas seriam diferentes. Mais uma vez estou aprendendo na marra. Graças a Deus descobri a tempo e resolvi mudar de estratégia. Antes da etapa do Colorado, fiquei toda a semana sem treinar e acho que deu certo. Quase enlouqueci dentro de casa.
O fim de semana começou bem. Logo no sábado, a Mariana conseguiu um terceiro lugar no AMA e eu estava com muito mais energia e vontade de entrar na pista. Comecei bem e ao final do dia me classifiquei entre os 10 melhores. A corrida do Colorado é conhecida por ser a mais difÃcil do campeonato. A pista está a mais de 2000ms de altitude. Ar rarefeito. Além disso o forte calor que varia de 40 a 45 graus e 100% de umidade.
Toda essa combinação faz com que o acerto da moto seja algo muito difÃcil. O preparo fÃsico tem que estar em cima, pois a falta de ar é grande. No acerto das motos as grandes equipes se beneficiam, pois têm acesso a combustÃveis especiais e também fazem muitas horas de testes para conseguir a carburação ideal. Apesar de tudo isso, me senti à vontade. Neste tipo de corrida costumo me sair bem e todos estes desafios me dão mais energia e vontade de superar os limites.
No domingo pela manhã consegui o nono tempo e pude escolher uma boa colocação no gate. A largada é numa subida muito forte. Não larguei bem. Perdi algumas posições, mas recuperei durante a corrida. Esta foi a minha melhor primeira bateria do ano. Cheguei em 12° lugar. Um excelente resultado.
Na segunda bateria, eu estava bastante cansado. Senti o forte calor. No intervalo cheguei a ter enjôo. Estava desgastado e resolvi largar por dentro do gate. Era arriscar tudo. Se largasse mal, teria que me desgastar muito mais para recuperar durante a corrida. A estratégia foi boa. Larguei bem, na sexta colocação. Infelizmente ao final da primeira volta, o Grant Langston caiu na minha frente, eu estava muito rápido e não tive o que fazer. Bati na moto dele e caà também. Um banho de água fria nos meus planos.
Tentei levantar rápido, mas primeira volta todos sabem como é. Todos me passaram (35 motos). Consegui ligar a moto e iniciar uma longa corrida de recuperação. Andei forte. Comecei a fazer as ultrapassagens. Aos 15 minutos eu era o 25° e aos 20 estava entre os 20 melhores. A partir daÃ, comecei ter problemas com meu freio traseiro, que foi acabando aos poucos. Fiquei sem freio. Errei uma curva, caÃ, fui para os boxes e descobrimos que na batida, o meu disco traseiro empenou, o que provocou um super aquecimento. Não me restava nada, a não ser abandonar a prova. Foi uma pena. Poderia marcar mais pontos, mas fiquei satisfeito com meu fim de semana.
Aproximadamente uma hora depois da corrida, comecei a passar mal e vomitei demais. Passei mal como nunca havia passado antes. Isso foi mais um sinal que meu corpo estava pedindo descanso. Uma semana depois mais uma etapa. Washougal. Fiquei mais uma semana sem treinar. Me senti cansado até a quarta-feira. Fiz apenas alguns treinos fÃsicos leves e fui para a corrida. Treinei no sábado. A pista é difÃcil e estava escorregadia. Não me senti a vontade na pista. Estudei diversas formas de melhorar meu tempo, mas tive dificuldades de adaptação e não consegui andar entre os 10 melhores.
Consegui o 18° tempo, o que não é ruim. Mas não me sentia à vontade na pista. No domingo as coisas não mudaram. Fiz de tudo nos treinos, mas não consegui estar rápido como nas etapas anteriores. Porém, corrida é corrida.
Fiz uma boa largada na primeira bateria. Terminei a primeira volta em 15° lugar. Aos poucos fui me adaptando e procurei fazer uma corrida constante. Deu certo, Ganhei algumas posições e aos 30 minutos estava em 11° lugar. Resolvi atacar o cara da minha frente, que era o Kyle Lewis.
Forcei a ultrapassagem, recebi um block pass e acabei me envolvendo num acidente com um piloto que vinha atrás de mim, o Troy Adams. Faltavam 2 voltas, me levantei rápido, mas não consegui ligar a moto, ela estava aquecida. Paciência.
Tive um intervalo difÃcil. Fiquei chateado, mas busquei juntar forças para a segunda bateria. Não consegui uma boa largada. Ao final da primeira volta, estava em 24°. Busquei andar rápido. Tentei muito e cheguei até a arriscar em alguns momentos. Cruzei a linha final na 17ª colocação. Marquei alguns pontos e agora é me preparar para as quatro etapas finais. Quero estar pronto e preparado para mais estes desafios.
Com a mudança nos meus treinamentos e a nova estratégia pretendo obter resultados ainda melhores. Quero agradecer ao Maguila, treinador brasileiro, que tem me dado umas boas dicas. Quero agradecer também aqueles que apostam na nossa equipe e que sempre acreditaram no nosso trabalho que são meus patrocinadores. Obrigado à RIFFEL, FOX, Zoolo, ASW, Orbital, Pirelli, Cia Athletica, All Service Cleaning, Max Saving Mortgage/Andrey Jomakei , John Burr, Tag, One, DRD e CTi.