Quinta-feira, 27/03/2014
Fala pessoal!
Marcelo Merizio |
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Fiquei muito feliz com o convite de continuar escrevendo aqui no RH41. Não sou expert nem o dono da verdade absoluta, mas gosto de passar as ideias que tenho do esporte que tanto gostamos. Aqui vou tratar de assuntos diversos relacionados ao motocross, as notícias sobre o esporte, pilotos, etc.
O primeiro assunto que vou tratar é sobre a situação do motocross no Brasil e no mundo. No fim do ano passado e no início desse ano tenho observado nas redes sociais os treinamentos dos pilotos em sua pré temporada. Isso me levou a observar mais o que tem ocorrido nos últimos anos no esporte.
Hoje as redes sociais nos trazem diariamente notícias de nossos ídolos, seus treinamentos, alimentação, lazer, convívio familiar. Cada dia mais acompanho que os principais pilotos tem investido pesado em sua preparação. Cada piloto que se destaca acaba trazendo consigo pelo menos um treinador (prova disso é o Aldon Baker que faz um grande sucesso pelo seu portfolio de pilotos com que trabalhou, a saber Carmichael, Bubba e Villopoto). Esses treinadores tem conseguido tirar o máximo de seus alunos, muitas vezes ocasionando lesões na pré temporada por estarem sempre castigando o corpo e andando no limite, quando não acima dele.
Aonde quero chegar não é no excesso de lesões ou em descobrir quem é o culpado por elas. O que devemos refletir é aonde chegou o motocross, com o alto nível de profissionalização de todos envolvidos. Isso a meu ver acaba criando duas situações muito preocupantes. A primeira diz respeito ao custo envolvido em tal procedimento, mas a que acho mais importante é a quantidade de pilotos que tem abandonado o esporte precocemente, quer seja por lesões ou pelo cansaço da rotina diária de treinos.
Dias atrás tive a oportunidade de ver um
vídeo do Eli Tomac treinando sua parte física (uma delas diga-se). Cansa até assistir (rs).
Imagina o piloto além de treinar com a moto, treinar musculação, corrida, ciclismo, e ainda manter a alimentação balanceada e o sono em dia. Somado a isso temos o início de carreira cada dia mais precoce (tem piloto de 8 anos com rotina igual a essa).
Além de todo treinamento, andar no limite acaba custando uma quantidade grande de ossos quebrados e é claro a recuperação, que já começa um dia após a lesão.
Essa rotina não é privilégio do motocross. Observe que o atleta do UFC Anderson Silva teve uma grave fratura no tornozelo e já treinava com menos de 60 dias de sua cirurgia.
Marcelo Merizio e Scott Simon |
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Falei isso tudo para citar uma passagem que tive esse ano. Encontrei com o ex-piloto Scott Simon. Muito se fala sobre a sua aposentadoria. Mas conversamos por uns 10 minutos e algumas coisas ficaram bem claras para mim. Para quem não sabe o Scott correu no Brasil em 2010, tendo se sagrado campeão das categorias MX2 e MX1 do campeonato Brasileiro. Andava forte e fazia frente aos brasileiros apesar do momento em que esteve aqui no Brasil era de divisão (havia o Brasileiro e a Superliga).
Ele hoje trabalha como motorista da equipe Rockstar KTM que tem como pilotos o Milsaps, Tedesco e Jason Anderson. Me relatou estar muito feliz com o trabalho e que na época chegou a ter proposta de ficar no Brasil em 2011. Mas estava cansado de tudo. Me falou que correu mais de 20 anos e que para ele estava bom, cansou, enjoou. Perguntei se ele ainda andava de moto e ele falou que andou 2 vezes em 2013 (rs).
Isso me levou a uma reflexão. Até que ponto o esporte de alto rendimento é saudável para alguém? E o quanto o esporte de alto rendimento é ingrato com o atleta que se prepara e participa de campeonatos por toda uma vida e se “aposenta” com 10 anos de trabalho remunerado...
Abraços e até a próxima.
Dúvidas e sugestões: m.merizio@hotmail.com
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